Lá, onde a ilusão não chega e a imaginação dorme. É lá, nesse mar que o amor balança sem distância nem voz. E é também lá que eles moram. Moram os que falaram algo que ficou no traço-espaço, na vez da história, na filosofia morta-viva.
Nesse barco eles levam, ideais, verdades e mentiras, carregam os medos e esperanças dos que desistiram de pensar, refletir e atuar.
O barco da ilusão, da palavra sem solução, do problema sempre em ação.
E nesse sol que nunca dorme a areia queima os olhos. Nem o balanço das ondas faz os pensamentos flutuarem.
Vem, desiste desse ideia, vamos brindar a decadência das esquerdas e reverter a configuração das barbas.
ENROLADO DESILUDIDO
Sem dizer que nada sei e dizendo que tudo posso venço o que se perde nas linhas inimigas.
Manifesto a troca como semi-morta e socializo o abandono em comum acordo idealizado no leito de morte.
O preço da comida, da vida, da tirania. Nem garfo nem faca, só um empanado.
Como Marx comia macarrão? Suas ideias, ações. Sem reação e dissimulação. Discursos, frases e nada de fatos. Acabar com a burguesia e vibrar na freguesia. Nem sei mais quem dá as ordens, só vivo na desordem. Caos, caos pragmático, dialético, antagônico. Quase um caos ordenado em vibrações do cosmos para a queda. Queda de quem? Nada cai e o nada só cresce: o vazio, a pobreza, a violência, a ignorância. Cai o amor, a vergonha, o descaso. A vida cai, a morte ganha. A barba perde a cor e branca desfalece. Anoitece, Marx derruba o garfo, desiste do macarrão. Viva a desilusão.
ON THE ROAD
Épocas, fases, lutas, guerras, tiros, sangue, a rua ainda está vazia. As janelas estão fechadas, a estrada ainda está aberta.
NIETZSCHE NA ESQUINA
Se o problema da interpretação é a acomodação, decifre o bastante para não se perder sem o mapa. Se a adequação do problema persistir, consulte a vontade. Não perca o fenômeno de vista da vida nem procure na metafísica o erro crucial.
Como Nietzsche tomava sopa? Se a angústia persistir no abismo da vida, pegue a colher. Nem ele nem Marx cortavam o bigode, nenhum dos dois faziam rebeliões. Interno, nem um pouco fraterno. Até onde vai o Super Homem? Se alguém roubar a fórmula da vontade de potência o que desacelera? Só causa desgaste, doença, fome. Nem uma colher de sopa salva. Chamem Zaratustra, sempre um mau sinal. (Diria Kafka "O Artista da Fome")
ZARATUSTRA QUER MOLHO
Se a potência autêntica ficou em Marx e Nietzsche resta a forma superior do silêncio. O Super Homem não voa mais, os bigodes já bloquearam a passagem da alimentação e restou a inanição. Nem sinais vitais sobre a fome resistirão. O silêncio que alimentará o futuro. Zaratustra degusta a sopa de letras e pede o macarrão. Sinaliza que aumentem o molho. Vermelho.
Nem vontades moldadas no século passado são capazes de apagar o traço e parar o balanço dos pensamentos de pensadores que nunca pensaram juntos. Que o local nunca seja global e que as marcações venham das meditações e reflexões. Que a teoria das ideias não se venda para a teoria dos mercados. E que a capitalização não seja a perdição para a inflação e aumento do preço dos molhos vermelhos. Zaratustra degusta do molho vermelho. Cor sangue-vivo.
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