quarta-feira, 4 de julho de 2012

Além de um traço

BARCO DA ILUSÃO

Lá, onde a ilusão não chega e a imaginação dorme. É lá, nesse mar que o amor balança sem distância nem voz. E é também lá que eles moram. Moram os que falaram algo que ficou no traço-espaço, na vez da história, na filosofia morta-viva.
Nesse barco eles levam, ideais, verdades e mentiras, carregam os medos e esperanças dos que desistiram de pensar, refletir e atuar.


O barco da ilusão, da palavra sem solução, do problema sempre em ação.
E nesse sol que nunca dorme a areia queima os olhos. Nem o balanço das ondas faz os pensamentos flutuarem.

Vem, desiste desse ideia, vamos brindar a decadência das esquerdas e reverter a configuração das barbas.



ENROLADO DESILUDIDO

Sem dizer que nada sei e dizendo que tudo posso venço o que se perde nas linhas inimigas.
Manifesto a troca como semi-morta e socializo o abandono em comum acordo idealizado no leito de morte.
O preço da comida, da vida, da tirania. Nem garfo nem faca, só um empanado.




Como Marx comia macarrão? Suas ideias, ações. Sem reação e dissimulação. Discursos, frases e nada de fatos. Acabar com a burguesia e vibrar na freguesia. Nem sei mais quem dá as ordens, só vivo na desordem. Caos, caos pragmático, dialético, antagônico. Quase um caos ordenado em vibrações do cosmos para a queda. Queda de quem? Nada cai e o nada só cresce: o vazio, a pobreza, a violência, a ignorância. Cai o amor, a vergonha, o descaso. A vida cai, a morte ganha. A barba perde a cor e branca desfalece. Anoitece, Marx derruba o garfo, desiste do macarrão. Viva a desilusão.



ON THE ROAD

Épocas, fases, lutas, guerras, tiros, sangue, a rua ainda está vazia. As janelas estão fechadas, a estrada ainda está aberta.






Sim, se todos fossem passear, as ruas não estariam vazias. Vai para esquerda-direita, o outro vai para centro-esquerda, alguns ficam só pela direita e outros, perdidos, vão pela esquerda. Os revoltados ficam na Igreja e os loucos sobem pela rua da Democracia. Marx no barco da ilusão, não tem espaço na estrada sem centro. Ficam as máquinas que decidem ou não se haverá água na história geral. Sem pontos ou sentidos, os significados vão se unindo, chega ao ápice do significante e desviante vai para qualquer esquina.



NIETZSCHE NA ESQUINA


Se o problema da interpretação é a acomodação, decifre o bastante para não se perder sem o mapa. Se a adequação do problema persistir, consulte a vontade. Não perca o fenômeno de vista da vida nem procure na metafísica o erro crucial.




Como Nietzsche tomava sopa? Se a angústia persistir no abismo da vida, pegue a colher. Nem ele nem Marx cortavam o bigode, nenhum dos dois faziam rebeliões. Interno, nem um pouco fraterno. Até onde vai o Super Homem? Se alguém roubar a fórmula da vontade de potência o que desacelera? Só causa desgaste, doença, fome. Nem uma colher de sopa salva. Chamem Zaratustra, sempre um mau sinal. (Diria Kafka "O Artista da Fome")



ZARATUSTRA QUER MOLHO


Se a potência autêntica ficou em Marx e Nietzsche resta a forma superior do silêncio. O Super Homem não voa mais, os bigodes já bloquearam a passagem da alimentação e restou a inanição. Nem sinais vitais sobre a fome resistirão. O silêncio que alimentará o futuro. Zaratustra degusta a sopa de letras e pede o macarrão. Sinaliza que aumentem o molho. Vermelho.


Nem vontades moldadas no século passado são capazes de apagar o traço e parar o balanço dos pensamentos de pensadores que nunca pensaram juntos. Que o local nunca seja global e que as marcações venham das meditações e reflexões. Que a teoria das ideias não se venda para a teoria dos mercados. E que a capitalização não seja a perdição para a inflação e aumento do preço dos molhos vermelhos. Zaratustra degusta do molho vermelho. Cor sangue-vivo.


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