segunda-feira, 12 de junho de 2017

Os meus vazios cheios

De tanta filosofia quero água morna
Correr na grama para longe de gente morta
Invisíveis olhos negros, pérolas negras
Me levem daqui, longe daqui.

De tanta sociologia quero pacífico almoço
Alvoroço de placas e bandeiras sem vento
Incontáveis reproduções já processadas como a carne espancada
Me leram errado, sem sentir.

De tanta antropologia fiquei sem tribo
Nem trigo, nem figo, nem nada
Paralelos melindrosos chorando em círculos
Sem relações, um dia já fui eu sem mim.

Sem nada comunicar eles seguem
Avessos à verdade e cheios de periculosidade
Jornalistas costurados com buracos na mente
Sem ação e reação, apaguem a tela, desliguem o estabilizador.

Nem link nem local
Sem opções de salvamento
Me resta publicar para visualizar.
A vida em bits, longe daqui.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Verde do meu sol

para lembrar do primeiro amor
para iluminar o meu céu
para compreender em prosa
que meus sonhos são teus


terça-feira, 12 de maio de 2015

*



Soy el que mira al cielo a la tierra.
Sou a que registra a imensidão e acolhe.
Soy el universo.
Sou o multiverso.
El que baja hasta la orilla del lago.
O que mergulha na fluidez da alma
Y enciende las hierbas secas
E queimam os símbolos da madeira

La explicación es uma bajeza
A contradição de uma união
El esclarecimiento la humillación
A dúvida do amor
Porque el aire es como los otros
Por que a metáfora somos nós em poesia
La memoria del hombre, en sí misma
As palavras sempre acesas

Soy el que escucha a los árboles
Sou a própria sinfonia
Y sus cabellos de inmenso día.
E suas variações em melodia
El que brota en el silencio de la superfície
O silêncio da escuridão dos sonhos
Y deja firme su idea.
E revivo o onírico

Estoy hecho de palabras; soy el que canta.
Ressignifiquei a metafísica, sou o que delira
Estoy hecho de materia; soy el que inventa.
Construi a fórmula da alquimia errada
No siento temor por la verdad:
Perdi todos os julgamentos
Soy el que vive, soy el poeta.
Sou o que vive, a outra poeta.


Flora Dutra
Juan Arabia


sexta-feira, 17 de abril de 2015

Alguém que nunca foi ninguém

Uma lembrança volta ao teu nome
Ao teu nome volta você
Você que nunca conheci, que nunca adormeci e que nunca acordei

Só por lembrar de ti sei de mim que nunca esqueci
Só um beijo e parti
Você vai e vem como um nome e só
Nessa vida amarga e sem gosto nunca te provei, ai de mim pensar!
Você de outro alguém e eu de outro alguém

E quando formos só alma ei de te achar na curva na Via Láctea
Assim, com poucas pistas deste mundo vou estar a tua espera inesperada até o fim do mundo
Sempre amor em frames, editado
Não te busco como sonho calado, só revelado!

Os meus vazios cheios

De tanta filosofia quero água morna Correr na grama para longe de gente morta Invisíveis olhos negros, pérolas negras Me levem daqui, lon...