E por quantas vezes mais tenho que escutar Romanza de Chopin para acreditar no amor?
Por todas as vezes que poetas e pintores, músicos e escultores foram recusados e negados o direito de amar?
Assim tenho que pagar!
Quantas vezes a arte não sucumbiu em sua mão por uma desilusão?
Em tantos requintes burgueses, como fizeram para demonstrar a paixão?
Como se conter em amar e não poder fazer do amor lar para morar?
Toda arte emana luz, sonhos, cartas, músicas com imagens, fragmentos de uma vida dedicada à paixão da natureza.
Em cada nota de um piano, em cada pincelada sobre uma tela, em cada frase de um romance, o amor existe, existe em mim como um todo que não posso separar. Em cada dúvida de Deus, em cada espaço vazio de mim, em cada dor e sofrimento lá está o amor. E se o amor não for Deus? E se o amor for somente amor?
Nos teus olhos vejo a luz incendiar o que a arte pode traduzir, em cada verso faço reviver o que eu quis de um artista e de um amor.
Sim, eu posso saber e sei dizer que eu te amo. Meu músico preferido, minha alma aquecida, meu pintor de fragmentos, meu artista de sonhos.
E tão longe pode estar destas árvores que me fazem dançar. São as mesmas árvores que no outono me estendem a mão com seus galhos secos me pedindo flores da primavera, coloridas e sortidas como nossos sorrisos devem ser.
E quando minha boca chegar perto da arte, da pura e profunda arte, minha boca ficará entreaberta e Chopin reinará, fazendo o amor em notas suaves como nosso primeiro beijo.
E sendo assim, me espere chegar. Espere chegar o amor que eu carrego na carruagem que vamos passear. É linda e tem flores para deitar. Eu vou chegar enquanto Chopin tocar e a arte reinar.
E que ainda sozinha, faço poesia para brincar de te esperar. Você vai me ver chegar enquanto Chopin tocar.
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