Nem sobre o peso da última flor da morte teu amor é esquecido
Nem com tanto descaso tuas cartas foram lidas
Vida, morte, poesia e arte
Tuas palavras deram vida aos meus fantasmas
Teu violino ecoa ainda no meu coração, fragmentado
Em tuas peças gritam a minha multidão
Em tuas mãos glorifica a Pátria, a liberdade
Espanha, apanhado
Fascismo dos corvos, pretos, cinzas, pratas
Teu amor nas oliveiras, no descanso, na paz.
Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura
(GL)